O auxiliar de paleontologia Cledinei Aparecido Francisco e o filho, o estudante Gabriel Angel, estavam de férias quando passaram por uma estrada de Monte Alto e uma rocha chamou a atenção dos dois. A curiosidade levou a dupla a algo inusitado: a descoberta de um fóssil de dinossauro.

Escavador experiente, Cledinei deixou o descanso de lado para trabalhar no achado. Junto com Gabriel, ele extraiu a rocha em que o fóssil estava e levou o material até o Museu de Paleontologia da cidade para investigação.

"A gente faz aquela grande festa, por estar descobrindo um fóssil que vai contar a história", diz Cledinei, que há 35 anos deixou o trabalho de pedreiro e metalúrgico para se dedicar à escavação – primeiro como voluntário e, depois, como funcionário do museu, criado em 1992 pela Prefeitura.

No fim de julho, a concessionária que administra um trecho da Rodovia José Della Vechia começou a retirar parte de um paredão rochoso entre Monte Alto e Taquaritinga. Foi aí que Cledinei e o filho se depararam com o achado.

Paixão antiga

Sob a rocha sedimentar do município, já foram encontrados fósseis de dinossauros que viveram na região há cerca de 100 milhões de anos, durante o período Cretáceo Superior. Muitos deles estão no Museu de Paleontologia, onde também deve ficar a última peça encontrada por Cledinei.

"É uma das minhas maiores paixões. Sempre gostei de caçar dinossauro. Não tem nem como contar, mas foram milhares de fósseis encontrados, entre pequenos, que é o que mais se encontra, e os grandes", diz.

A diretora do museu, Sandra Tavares, já está trabalhando na nova descoberta. Com cuidado e muita paciência, ela quebra a peça para separar o fóssil do material rochoso. Quando terminar a tarefa, ela poderá analisar o material para dizer do que se trata.

"A gente olha a diferença de cor do fóssil e da rocha. Depois, a gente começa a olhar outras características, como a composição e a estrutura do material", explica.

O trabalho pode levar anos, mas a especialista adianta que, pela dimensão, trata-se de um osso de dinossauro. Sandra diz que não é possível determinar qual é a linhagem. Afinal, pode ser até mesmo uma espécie nova.

 "Pode ser que ele tenha o formato da vértebra diferente do que nós já encontramos até agora. Existe a também a possibilidade de, neste mesmo bloco, a gente encontrar outros fósseis", diz. (G1)