Do G1- Quarta reportagem da série da TV TEM mostra a importância da água para quem vive no sertão nordestino. Trabalho da expedição que saiu de Bauru para levar ajuda conseguiu fazer a água jorrar do solo seco.

A quarta de cinco reportagens da série "Renovação", da TV TEM, que apresenta a iniciativa de voluntários de uma igreja evangélica de Bauru (SP) para levar alimentos, serviços e solidariedade a sertanejos do interior de Pernambuco, mostra a importância da água para quem vive no sertão nordestino e como a expedição conseguiu fazer o precioso líquido jorrar do solo seco.

As reportagens anteriores mostraram a mobilização para arrecadar e levar 30 toneladas de alimentos ao sertão, a comemoração dos moradores com a chegada das cestas básicas e também o trabalho de médicos, dentistas e até de um cabeleireiro para levar assistência e autoestima à comunidade.

Mas além de tudo isso, o projeto “Eu Amo o Sertão” também levou para cidades do agreste pernambucano aquele que, para essas comunidades, pode ser considerado o maior bem todos: a água.

A caravana de solidariedade escolheu a comunidade de Inajá, distante cerca de 40 quilômetros da cidade de Manari, para perfurar um poço profundo que vai garantir água para moradores e agricultores que chegam a ficar até seis meses sem ver uma gota sequer vinda dos céus.

Além das dificuldades naturais do procedimento, a expedição bauruense precisou percorrer mais de 2,5 mil quilômetros para desmontar a descrença de uma população acostumada a ficar apenas com a promessa de políticos de que água chegará um dia. A dona de casa Maria Aparecida da Silva Miranda resume esse sentimento: “Será que é verdade?”

“A gente paga R$ 90 por uma pipa [caminhão de água] e tem dia que não tem água nem pra tomar banho. A água que a gente lava a roupa, a gente passa pano na casa e joga nas plantas”, explica a dona de casa.

Tecnologia do sertão

A equipe contratada pela expedição de Bauru para perfurar o poço chega cedo a Inajá. O trabalho demora em média cinco horas e o local escolhido é o quintal da casa de um dos moradores da comunidade. De lá, por uma canalização que passa por baixo da rodovia, a água vai abastecer mais 30 famílias.

Para se chegar ao ponto exato e iniciar uma perfuração é importante saber se há água no local escolhido. Para isso, os técnicos contam com uma sabedoria caseira tipicamente sertaneja.

Com um galho de vegetação em forma de “Y”, Maurício Manoel da Silva, gerente da empresa contrtada para perfurar o poço, caminha pelo solo seco até a ponta de seu “galho mágico” apontar para o chão e indicar que, ali, bem fundo, passa um lençol freático.

“Vou andando com a varinha, feita de galho verde, e quando ela baixa é porque achamos onde passa a água e onde o poço pode ser perfurado. Já fiz isso muitas vezes e até agora nunca erramos”, orgulha-se o homem conhecido no local como o “caçador de água”.

Todo o trabalho de perfuração vira um grande evento na comunidade, com as pessoas acompanhando o procedimento sem esconder a ansiedade pelo grande momento.

Enquanto as máquinas trabalham, um pouco da vida do sertanejo vai se revelando nas conversas. O agricultor José Messias, por exemplo, revela a dificuldade de viver numa localidade aonde a água só chega através do caminhão-pipa.0

Já para quem mora mais próximo aos poços, a alternativa é a utilização do meio de transporte mais popular do agreste nordestino, os jegues. No lombo dos animais, os moradores levam galões para buscar o bem precioso.

O grande momento

O trabalho de perfuração segue para buscar a água que, na região, é encontrada a pelo menos 50 metros abaixo do chão. Para possuir um poço no sertão pernambucano o custo médio é de R$ 15 mil, valor que pela metade caso a empresa não encontrar o lençol freático. Após cinco horas de perfuração – e de muita ansiedade –, a água jorra do buraco.População assistiu ansiosa o trabalho dos técnicos em perfuração de poços até a água aparecer

Segundo o pastor Willians Silva, coordenador do projeto, o que motivou a iniciativa de perfurar poços foi a constatação de que as pessoas do sertão precisam andar 10 ou 12 quilômetros apenas para beber um copo de água.

Por isso, explica ele, a cada missão o grupo estabelece como meta cavar um poço. No total, o grupo de Bauru já perfurou quatro poços no interior pernambucano.

A reportagem da visitou outra comunidade que recebeu o primeiro poço da missão, há mais de um ano. No local, a plantação de melancia acabou de ser cultivada e a expectativa é de uma boa produção com a técnica de irrigação por gotejamento.

“Antes, a gente só conseguia fazer uma colheita por ano, mas agora, depois do poço, temos produção que garante até três safras por ano, melhorou bastante”, atesta o agricultor Antônio Félix Ferreira.
O pastor Willians Silva, coordenador do projeto: "As pessoas tinham que andar 12 km para tomar um copo de água".

Um resultado que emociona todos os moradores beneficiados, mas também os participantes da expedição de solidariedade.

“A gente pensa que não vai se emocionar como das primeiras vezes que viemos para cá, mas não tem jeito. É um grande privilégio poder ver a alegria desse povo”, resume o coordenador do projeto.

Da TV TEM - G1 - Mauru e Marília: Série ‘Renovação’: projeto voluntário de Bauru perfura poços no sertão nordestino — Fotos: TV TEM/Reprodução