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Flanelinha foi preso por engano após ser confundido com assaltante de joalheria em Araraquara (Foto: Wilson Aiello/EPTV)

Após ficar dois dias preso por um crime que não cometeu, o flanelinha de Araraquara (SP) Michael Ferreira, de 34 anos, pretende entrar com uma ação de indenização contra o Estado de São Paulo. "Acabou com a minha vida", desabafou.

 

 

Ele chegou a ser reconhecido como suspeito de assaltar uma joalheria e balear um jovem 3 vezes, em novembro, mas o engano foi desfeito após o verdadeiro autor ser identificado e confessar o crime. A Polícia Civil ainda procura outros 3 suspeitos de envolvimento no crime.

Apontado na rua
Segundo o flanelinha, a prisão e a divulgação da sua foto causou muitos transtornos. Ele se diz injustiçado e afirma que não pode mais sair na rua.

“Não sou mais a mesma pessoa. Sou apontado, não consigo chegar até na esquina. Está difícil para mim”, disse.

“Até então eu não sabia que a minha foto estava na mídia. Eu deito eu fico imaginando que alguma coisa pode acontecer comigo. Eu fui criticado nas redes sociais, fui ameaçado”, completou.

Prisão
Fereira foi preso após ser confundido por testemunhas com o ladrão que roubou uma joalheria no Centro e baleou um rapaz de 19 anos, funcionário do local, em 30 de novembro.

Ele diz que negou o crime o tempo todo desde a sua prisão, mas mesmo assim foi levado para a cadeia de Santa Ernestina, no dia 11 de dezembro.

O flanelinha chegou a ter a prisão provisória de cinco dias decretada. No dia seguinte, o erro foi descoberto e ele teve que aguardar a Justiça conceder o alvará de soltura.

Ele conta que depois de ter guardado carros no domingo (10) no bairro da Fonte Luminosa, ficou conversando com outro flanelinha e acabou dormindo debaixo de uma marquise no ginásio de esportes Gigantão.

Foi acordado de madrugada por policiais que perguntavam pelo seu nome e do amigo.

“Assim que eu falei meu nome fui algemado. Perguntei o que estava acontecendo e eles disseram que eu sabia o que estava acontecendo”, disse.
No momento da prisão usava uma camiseta amarela, mesma cor da camisa do assaltante da joalheria no momento do roubo, que imitava o uniforme dos Correios.

Injustificável
Para a advogada Carla Missurino nada justifica o engano e a prisão de uma pessoa requer muito mais do que indícios. “A prisão deve ser baseada em fundamentos processuais e provas concretas, não simplesmente no reconhecimento da testemunha”, afirmou.

Ela irá entrar com uma ação por indenização contra o Estado. “Ele pagou por algo que ele não fez, passou por esse constrangimento e o estado tem obrigação de indenizar pelos erros dos seus agentes”.

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Michael Ferreira (à direita) foi confundido com o suspeito de assaltar joalheria (à esquerda) em Araraquara (Foto: Reprodução/ EPTV

Polícia Civil explica prisão
O delegado Fernando Bravo, que comanda a investigação, explicou que o flanelinha já tinha passagem por furto, roubo e formação de quadrilha e que as vítimas haviam reconhecido ele por fotos em um primeiro momento.

“Todas as pessoas que foram identificadas foram exibidas para as vítimas e foi feito um reconhecimento fotográfico. Duas das vítimas apontaram para um primeiro suspeito. Havendo fortes indícios que ele poderia ser o autor nós representamos pela prisão temporária, que é uma prisão prevista em lei, para auxiliar na investigação”, disse.
Após investigações, a polícia obteve a informação de que poderia ser o suspeito errado. “Poderia não ser ele e ter tido a participação de outro rapaz. A fotografia desse outro rapaz já tinha sido exibida para a vítima e ela não havia reconhecido", disse.

"Mesmo assim pegamos esse outro rapaz e trouxemos para reconhecimento pessoal novamente. As duas vítimas foram enfáticas e falaram que o primeiro reconhecido não era o autor e sim o segundo, afirmaram com convicção. Esse segundo foi interrogado e acabou por confessar que ele era o verdadeiro autor”, completou o delegado.

 

Do G1