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Sheila Mello arrasa no carnaval de rua neste domingo (11) em Ribeirão Preto, SP (Foto: Érico Andrade/G1)

Vestida de cupido com o intuito de fazer florescer o amor em pleno carnaval, a dançarina Sheila Mello mandou um recado neste domingo (11) aos foliões beijoqueiros, mais especificamente aos que insistem em forçar a barra na hora de conseguir um beijo do crush.“A pessoa só pode chegar, se a outra der permissão. Isso não é nem dica, é educação”, diz.

No Carnaval deste ano, Sheila é a princesa do bloco Agrada Gregos, que esteve em Ribeirão Preto para uma participação no bloco Califórnia, atração na folia da cidade. Do alto do trio elétrico, a eterna loira do Tchan mostrou o rebolado e levou os foliões à loucura com as coreografias que a tornaram famosa com o grupo.

Ela reforçou a mensagem das foliãs que coloram no rosto um adesivo com a mensagem “Não é não”. Uma forma despojada de emitir uma alerta para aquela paquera muitas vezes indesejada no meio do empurra-empurra do bloco.

“Acho que a gente tem que mexer nessa cultura machista. Mulher pode estar com shortinho, fazendo quadradinho que não dá direito de ninguém encostar a mão. É ótimo que a mulher está com essa segurança. A mulher, hoje, tem voz. A mulher pede ajuda pras outras. Acho que esse é o caminho de mudar a educação. As pessoas sacarem, os homens sacarem que isso é ser babaca.”

Aos 39 anos, Sheila voltou a desfilar por uma escola de samba após seis anos longe do sambódromo. Durante esse tempo, ela se dedicou à filha, Brenda, do casamento com ex-nadador Fernando Scherer, mas não deixou a paixão pela dança de lado, muito menos pelo carnaval.

“Meu reencontro com o samba de São Paulo é sempre especial porque o carnaval não apareceu depois que eu entrei no É o Tchan e fiquei uma pessoa pública, com notoriedade. É muito antes disso.”

Mesmo com o apoio do marido, ela diz que é comum receber críticas nas redes sociais de pessoas que a recriminam pela profissão.

“Tem aqueles comentários ‘Ai, para de dançar, você já casou’. Onde que eu preciso de dançar por que eu casei? Justamente se eu casei, se teve esse encontro, se o meu marido me conheceu e se apaixonou, é porque eu sou uma pessoa livre, alegre e muito da minha alegria eu devo à dança. Não quero parar de dançar nunca.”

Como princesa do Agrada Gregos, a dançarina se diz entusiasmada com a repercussão que os blocos de rua ganharam nos últimos anos. No desfile no sábado (10) no Ibirapuera, em São Paulo, o bloco arrastou 520 mil foliões.

“Eu lembro que meus amigos tinham que juntar dinheiro o ano inteiro pra comprar o camarote ou um abadá, tudo muito caro essa empresa que foi do carnaval. Agora está ganhando muita força o carnaval de rua, que é o conheço da minha infância. Minha mãe colocava uma fantasia, nada muito elaborado ou gastando muito, e a gente ia com a família pular carnaval nos bailinhos de rua. Estou voltando a ver essa essência e fico muito feliz. Pra mim, carnaval é isso.”

 

Do G1