Nova tecnologia deve ser empregada em 480 procedimentos ao ano. Máquina ajuda na recuperação de pacientes e reduz efeitos colaterais.
O Hospital de Câncer de Barretos começou a utilizar um robô para cirurgias minimamente invasivas, como retirada de tumores e da próstata. A tecnologia deve ser empregada em 480 procedimentos ao ano, o que representa 3% das 14,4 mil cirurgias realizadas pela instituição. O hospital é o primeiro do interior de São Paulo que presta atendimento 100% SUS a usar esse tipo de equipamento para operações.
O robô “Da Vinci” já foi utilizado em pelo menos quatro procedimentos cirúrgicos desde o início de novembro e em Barretos o equipamento vai atuar inicialmente em quatro especialidades: digestivo alto, digestivo baixo, urologia e ginecologia. Segundo o urologista Eliney Faria, o principal benefício do uso da robótica nas cirurgias é a redução da incidência de alguns dos efeitos colaterais para o paciente.
No setor de urologia, o robô poderá ser usado para retirada de tumor nos rins ou da próstata de pacientes com câncer. “Tirar a próstata pode causar efeitos colaterais sérios, como impotência e incontinência urinária e por ser uma cirurgia mais precisa, reduz os riscos desse tipo de problema”, comentou o médico.
A recuperação mais rápida no pós-operatório também é uma das vantagens do uso da tecnologia. “O robô consegue fazer com que os movimentos sejam mais finos e o paciente vai embora para casa no dia seguinte e em 20 dias já está trabalhando. Na cirurgia comum vai levar três dias para ir embora e vai conseguir trabalhar só depois de três meses”, explicou Faria.
Funcionamento
A máquina funciona com quatro braços e pinças descartáveis de oito milímetros, que entram no corpo do paciente por pulsões feitas pelos médicos. A operação no centro cirúrgico do Hospital de Câncer é realizada a quatro metros de distância do paciente, a partir do manuseio de um console. “Lá dentro o robô reproduz os movimentos do cirurgião, mas de forma mais delicada”, disse.
Doação
A tecnologia custou US$ 3,2 milhões e foi comprada após doação da Cutrale, uma das principais empresas de citricultura do Brasil, e aguardou um ano para começar a ser usada, já que o hospital também necessitava de ajuda para a manutenção da máquina, orçada em R$ 3,5 milhões nos próximos dez anos.
O dinheiro foi doado por meio do incentivo fiscal adquirido pelo Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon), do Governo Federal. “Ganhamos um ano antes, mas não tínhamos como custear e a empresa também vai doar a manutenção pelo incentivo fiscal”, afirmou o diretor do Hospital de Câncer de Barretos Henrique Prata.
A expectativa do hospital é de que já no próximo ano o número de cirurgias feitas com o robô dobre. “Cada cirurgia custa R$ 18 mil e só conseguimos fazer por causa de doações, porque o SUS não vai começar a pagar por esse tipo de operação tão cedo”, afirmou.