A 12ª Mostra Ecofalante de Cinema apresenta a Mostra Histórica "Fraturas (pós-)coloniais e as Lutas do Plantationoceno", onde serão exibidos clássicos da cinematografia militante do período das décadas de 1960 a 1980 que refletem sobre as marcas do colonialismo nos diversos territórios, sobretudo do sul global.

 

MOSTRA HISTÓRICA, QUE FAZ PARTE DA 12ª MOSTRA ECOFALANTE DE CINEMA, DISCUTE AS FRATURAS E AS LUTAS DECORRENTES DO COLONIALISMO E REÚNE, DE MANEIRA INÉDITA, 17 TÍTULOS ICÔNICOS REALIZADOS ENTRE 1966 E 1984.

** JAMES BALDWIN, SAFI FAYE, EDUARDO COUTINHO, FRANTZ FANON, PAUL LEDUC, GILLO PONTECORVO, OUSMANE SEMBÈNE, JORGE SANJINÉS, WILLIAM KLEIN, E MUITO MAIS NA PROGRAMAÇÃO.

A 12ª edição da Mostra Ecofalante de Cinema, que acontece em São Paulo de 1º a 14 de junho, com entrada franca, apresenta a Mostra Histórica dedicada ao tema “Fraturas (pós-)coloniais e as Lutas do Plantationoceno”, termo cunhado nos anos 2010 pelas teóricas norte-americanas Donna Haraway e Anna Tsing, se contrapõe ao difundido Antropoceno ao reconhecer os fundamentos coloniais e escravagistas da globalização e do sistema socioeconômico hegemônico hoje.

Em 2023, a Mostra Histórica discute as fraturas e as lutas decorrentes do colonialismo a partir de uma série de filmes realizados entre 1966 e 1984. Estão reunidos, de maneira inédita, 17 títulos icônicos realizados no calor das lutas decoloniais e anti-imperialistas. Este era o momento em que meia centena de países do continente africano alcançaram a independência e em que, na América Latina, era produzido um importante cinema militante e de denúncia social. As obras trazem a assinatura de importantes nomes da cinematografia africana e latino-americana, ao lado do coletivo ativista norte-americano Newsreel.

Banido por muitos anos na França e proibido no Brasil na época da ditadura militar, “A Batalha de Argel” se passa nos anos 1950, quando o medo e a violência aumentam à medida que o povo da capital da Argélia luta pela independência do governo francês. Título mais marcante da filmografia do diretor italiano Gillo Pontecorvo (1919-2006), foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, melhor diretor e melhor roteiro. No Festival de Veneza, venceu o prêmio de melhor filme e o prêmio da crítica internacional. A Mostra Ecofalante exibe sua versão restaurada em 4K pela Cinemateca de Bolonha e o Instituto Luce Cinecittà.

O cineasta mexicano Paul Leduc (1942-2020) – de “Frida, Natureza Viva” (1983) – expõe em “Etnocídio” (1977) o fenômeno de aculturação da minoria Otomi de forma crítica e irônica. Segundo a crítica, o longa apresenta uma verdadeira cartilha de um assassinato cultural.

Considerado um dos grandes clássicos do cinema brasileiro, “Cabra Marcado para Morrer” (1982) promove a busca dos personagens de um filme sobre a morte de um líder camponês que teve suas filmagens interrompidas quando do golpe militar de 1964 no Brasil. Vencedor dos prêmios FIPRESCI do Fórum no Festival de Berlim, o longa consagrou o diretor Eduardo Coutinho (1933-2014).

Premiado no Festival de Berlim e selecionado para o Festival de Cannes, “Emitaï” (1971) mostra a revolta dos habitantes de uma comunidade no Senegal contra o governo colonial francês que, durante a Segunda Guerra Mundial, lhes impõe a entrega de sua safra de arroz para envio ao fronte de batalha. São principalmente as mulheres que farão resistência às imposições imperialistas. Nome maior do cinema senegalês e considerado um dos pioneiros do cinema africano, Ousmane Sembène (1923-2007) mostra neste filme seu cinema politicamente empenhado e de viés feminista.

Duas obras exemplificam a atuação do coletivo Newsreel, grupo de cineastas norte-americanos radicais que criou uma rede de distribuição e criação no final da década de 1960. “Community Control” (1969) documenta uma das lutas mais importantes pela educação: em 1968, sob intensa pressão das comunidades negra e latina, o estado de Nova York escolheu três distritos escolares da cidade para fazer parte de um experimento de educação administrada. Já em “El Pueblo se Levanta” (1971), o foco são as condições para os porto-riquenhos emigrados para os Estados Unidos, que atingiam o ponto de ebulição.

Um dos dois únicos filmes dirigidos pela romancista argelina Assia Djebar (1936-2015), “A Zerda e os Cantos do Esquecimento” (1982) é um ensaio poético que reúne imagens de arquivo da cerimônia Zerda tal como filmada pelo olhar dos colonizadores a fim de ressignificá-las. Exibida em versão restaurada, a obra foi vencedora de menção honrosa do Prêmio OCIC do Fórum no Festival de Berlim.

O brasileiro Murilo Salles (de “Nome Próprio”, 2007) foi a Moçambique no início da carreira e lá realizou “Estas São as Armas” (1978) para o então recém fundado Instituto Nacional de Cinema do país. A obra, que reúne filmagens e imagens de arquivo, relata a luta da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) contra o colonialismo de Portugal e denuncia a invasão do país, naquele momento, pelo exército da Rodésia, então ao lado dos países imperialistas.

Premiada no Festival de Berlim por seus filmes “Carta Camponesa” (1976) e “Fad'jal” (1979), a cultuada cineasta senegalesa recém falecida Safi Faye (1943-2023) traz em “Eu, Sua Mãe” (1980) as experiências cotidianas de um estudante senegalês em Berlim Ocidental.

“Festival Pan-africano de Argel” (1969) reúne imagens do 1º Festival Cultural Pan-Africano ocorrido capital da Argélia, com participações do ativista político Eldrige Cleaver (1935-1998) e outros integrantes do grupo revolucionário Panteras Negras, e da cantora Miriam Makeba (1932-2008). O filme, dirigido pelo fotógrafo William Klein (1926-2022), registra um momento chave de celebração do pan-africanismo, na ocasião em que muitos países da África ainda encontravam-se em plena guerra colonial.

Uma reconstituição documental do massacre de mineiros de estanho grevistas ordenado pelo governo é abordado em “El Coraje del Pueblo” (1971), obra vencedora do Prêmio OCIC do Fórum no Festival de Berlim. Seu diretor, Jorge Sanjinés, é o mais importante cineasta da Bolívia, conhecido por sua filmografia de denúncia a serviço do povo indígena.

Clássico do cinema político latino-americano dos anos 1970, a animação “Na Selva Há Muito por Fazer” (1974), do uruguaio Walter Tournier, é uma alegoria sobre o imperialismo, a repressão e a perseguição política em curso no Uruguai, naquele momento. Inspirado no conto homônimo de Maurício Gatti (à época, ele mesmo um preso político), este foi o último filme produzido pelo grupo Cinemateca del Tercer Mundo, que seria desfeito logo após o golpe militar uruguaio de 1974.

“Nuestra Voz de Tierra, Memoria y Futuro” (1982) é exemplar da produção engajada do casal de diretores colombianos Marta Rodríguez e Jorge Silva (1941-1987). O filme registra a luta da comunidade indígena Coconuco pela preservação de seu território. A versão exibida pela mostra foi restaurada pelo Instituto Arsenal, de Berlim.

Exibido no Festival de Berlim deste ano, “I Heard It through the Grapevine” (1981), de Dick Fontaine, é uma verdadeira preciosidade recentemente redescoberta graças a uma restauração realizada pelo Harvard Film Archive – esta é a versão do filme que será exibida pela 12ª Mostra Ecofalante de Cinema. O documentário acompanha o aclamado escritor crítico do “sonho americano” James Baldwin (1924-1987) quando ele revista locais históricos e emblemáticos para a luta do povo negro americano e faz um balanço das lutas contra o racismo e das injustiças arbitrárias cometidas contra essa população no país.

Vladimir Carvalho, cineasta brasileiro de importante carreira no cinema documental, focaliza no curta-metragem “Quilombo” (1975) a atividade de uma comunidade negra remanescente de um antigo quilombo no município de Luziânia, em Goiás, nos arredores de Brasília.

Já “Terra dos Índios”, realizado em 1979 por Zelito Viana, parte de uma reunião de caciques para mostrar os problemas das comunidades indígenas em todo o Brasil. Narrado por Fernanda Montenegro, o filme reúne entrevista de Darcy Ribeiro (1922-1997) e depoimentos de Ângelo Kretã, Mário Juruna e Marçal de Souza Tupã.

Por sua vez, “O Tigre e a Gazela” (1977) justapõe a pobreza e a dignidade de personagens que vivem em ruas e praças a textos de Frantz Fanon (1925-1961), importante escritor negro, militante político da Martinica que participou da libertação da Argélia. O curta-metragem é assinado pelo cineasta e diretor de fotografia Aloysio Raulino (1947-2013), que desenvolveu larga carreira de documentarista.

A Mostra Ecofalante de Cinema é viabilizada por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Ela tem patrocínio da White Martins, da Valgroup, do Mercado Livre e da Spcine, empresa pública de fomento ao audiovisual vinculada à Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, e apoio da Evonik e da Drogasil. Tem apoio institucional do WWF-Brasil, da Cinemateca da Embaixada da França no Brasil, do Institut Français e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. A produção é da Doc & Outras Coisas e a coprodução é da Química Cultural. A realização é da Ecofalante e do Ministério da Cultura.

Todas as informações sobre exibições e demais atividades do evento poderão ser encontradas na plataforma Ecofalante: www.ecofalante.org.br.

 

Serviço:

12ª Mostra Ecofalante de Cinema

www.ecofalante.org.br

de 1 a 14 de junho de 2023

Gratuito

Espaço Itaú de Cinema - Augusta (Salas 3 e 4) - Rua Augusta 1475, Consolação - São Paulo

Circuito Spcine Lima Barreto (Centro Cultural São Paulo) – Rua Vergueiro 1000, Paraíso – São Paulo

Circuito Spcine Olido (Centro Cultural Olido) – Av. São João 473, Centro – São Paulo

Circuito Spcine Roberto Santos – Rua Cisplatina 505, Ipiranga – São Paulo

e ainda unidades do Centro Educacional Unificado – CEU, Casas de Cultura, Fábricas de Cultura e Centros Culturais

 

Evento viabilizado por meio da Lei de Incentivo à Cultura

patrocínio: White Martins, Valgroup, Mercado Livre e Spcine

apoio: Evonik e da Drogasil

apoio institucional: WWF-Brasil, Cinemateca da Embaixada da França no Brasil, Institut Français e Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima

produção: Doc & Outras Coisas

coprodução: Química Cultural

realização: Ecofalante e Ministério da Cultura

 

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atendimento à Imprensa:

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Mostra Histórica: Fraturas (pós-)coloniais e as Lutas do Plantationoceno.

* “A Batalha de Argel” (“La Battaglia di Algeri”, Argélia/Itália, 1966, 121 min) - Gillo Pontecorvo

Entre os anos de 1954 e 1957, o povo da Argélia decidiu que não seria mais explorado: assim teve início o conflito que levou o país à sua independência. No entanto, a França, através de seu numeroso exército, não estava disposta a deixar que a Argélia se tornasse independente. Começa aí uma verdadeira batalha em Argel, capital do país, travada principalmente entre os métodos convencionais da tropa francesa e as técnicas não-convencionais da FLN, a Frente de Libertação Nacional.

Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, melhor diretor e melhor roteiro; vencedor do prêmio de melhor filme e do prêmio da crítica internacional no Festival de Veneza.

 

* “A Zerda e os Cantos do Esquecimento” (“La Zerda et les Chants de l'Oublie”, Argélia, 1982, 57 min) - Assia Djebbar

Ensaio poético de arquivo poderoso, no qual Assia Djebar – em colaboração com o poeta Malek Alloula e o compositor Ahmed Essyad – desconstrói a propaganda colonial francesa dos noticiários Pathé-Gaumont de 1912 a 1942, para revelar os sinais de revolta entre a submissa população norte-africana. Através da remontagem dessas imagens de propaganda, o filme recupera a história das cerimônias Zerda, sugerindo que o poder e o misticismo dessa tradição foram obliterados e apagados pelo voyeurismo predatório do olhar colonial. Este mesmo olhar é assim subvertido e revela-se uma tradição oculta de resistência e luta, contra qualquer tentação exotizante e orientalista.

Vencedor de menção honrosa do Prêmio da OCIC do Fórum no Festival de Berlim.

 

* “Cabra Marcado para Morrer” (Brasil-RJ, 1982, 120 min) - Eduardo Coutinho

Em 1962, João Pedro Teixeira, líder da liga camponesa de Sapé, na Paraíba, é assassinado por ordem de latifundiários. Um filme sobre sua vida começa a ser rodado em 1964, com a reconstituição ficcional da ação política que levou ao assassinato e direção de Eduardo Coutinho. As filmagens são interrompidas pelo golpe militar de 1964. Dezessete anos depois, em 1981, Eduardo Coutinho retoma o projeto e procura Elizabeth Teixeira e outros participantes do filme interrompido.

Vencedor do prêmio de melhor filme no Fest Rio, prêmio do júri evangélico e prêmio da crítica internacional do Fórum no Festival de Berlim, melhor documentário no Festival de Havana e grande prêmio no Festival de Troia; exibido nos festivais de Roterdã e de Toronto.

 

* “Community Control” (“Community Control”, EUA, 1969, 38 min) - Newsreel Collective

O filme documenta uma das lutas mais importantes pela educação nos anos 1960. Em 1968, sob intensa pressão das comunidades negra e latina, o estado de Nova York escolheu três distritos escolares da cidade para fazer parte de um experimento de educação administrada. Em Ocean Hill-Brownsville, o conselho comunitário solicitou a transferência de vários professores considerados racistas. O pedido provocou a ira da Federação Unida de Professores, burocracias municipais e estaduais e, por fim, uma greve de professores em toda a cidade.

 

* “El Coraje del Pueblo” (“El Coraje del Pueblo”, Bolívia, 1971, 90 min) - Jorge Sanjinés

O filme narra os massacres ocorridos antes e depois da Revolução Boliviana, tendo como foco a noite de San Juan durante o governo do ditador René Barrientos Ortuño. Os protagonistas - alguns dos quais viveram os acontecimentos em primeira mão - contam suas experiências em meio a este período turbulento no país sul-americano em que as forças repressivas de Barrientos cometeram todo tipo de atrocidades sob o pretexto de reprimir o movimento subversivo inspirado na figura de Che Guevara.

Vencedor do Prêmio OCIC do Fórum no Festival de Berlim.

 

* “El Pueblo se Levanta” (“El Pueblo se Levanta”, EUA, 1971, 42 min) - Newsreel Collective

No final dos anos 1960, as condições para os porto-riquenhos nos Estados Unidos atingiram o ponto de ebulição. Diante da discriminação racial, serviços comunitários deficientes e educação e oportunidades de trabalho precárias, as comunidades porto-riquenhas começaram a lidar com essas injustiças por meio de ações diretas. O filme se concentra na comunidade de East Harlem, em Nova York, capturando a compaixão e a militância dos Young Lords enquanto eles implementavam seus próprios programas de saúde, educação e assistência pública e lutavam contra a injustiça social.

 

* “Emitaï” (“Emitaï”, Senegal, 1971, 103 min) - Ousmane Sembene

Em 1942, em Casamance, no sul do Senegal, a administração do marechal Pétain cedeu o poder aos homens do general de Gaulle. O exército decide requisitar comida na pequena aldeia de Efock. Os aldeões se recusam a dar arroz, seu único meio de subsistência. As mulheres decidem escondê-lo. A maioria dos homens partiu para lutar na França, os anciãos esperam a intervenção do deus do Trovão, Emitaï. Começa a repressão e o massacre de inocentes. Uma denúncia contra o colonialismo, o filme é baseado em fatos reais.

 

* “Estas São as Armas” (“Estas São as Armas”, Moçambique, 1978, 56 min) - Murilo Salles

Um relato interno sobre a luta da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) contra o colonialismo de Portugal. Aborda também os contínuos ataques a civis moçambicanos, mesmo após a independência do país.

 

* “Etnocídio” (“Etnocidio: Notas sobre El Mezquital”, México, 1977, 105 min) - Paul Leduc

O filme expõe o fenômeno de aculturação da minoria Otomi no Vale do Mezquital, no México. De forma crítica e irônica, são mostradas e denunciadas as formas de exploração e saque promovidas pelo capitalismo e pelas classes dominantes nessas terras, fruto de uma longa história de injustiças.

 

* “Eu, Sua Mãe” (“Man Sa Yay”, Senegal/Alemanha, 1980, 59 min) - Safi Faye

As experiências cotidianas de um estudante senegalês em Berlim Ocidental são marcadas por uma sensação de desconforto na Europa e pelas expectativas de sua família na forma de um fluxo constante de cartas.

 

* “Festival Pan-africano de Argel” (“Festival Panafricain d'Alger”, França/Alemanha/Argélia, 1969, 90 min) - William Klein

O filme reúne imagens captadas por diversos cineastas no Festival Panafricano de Argel, capital da Argélia, ocorrido em 1969. A obra explora a política e a música do 1º Festival Cultural Pan-Africano. Muitos dos entrevistados falam sobre o colonialismo e o neocolonialismo e a necessidade de os países explorados se unirem. Os cineastas puderam entrevistar o ativista político Eldrige Cleaver (1935-1998) e outros integrantes do grupo revolucionário Panteras Negras, então no exílio. Entre os destaques musicais do filme está uma performance da cantora Miriam Makeba (1932-2008), seguida de uma entrevista com ela.

 

* “I Heard It through the Grapevine” (“I Heard It Through the Grapevine”, EUA, 1981, 82 min) - Dick Fontaine

O aclamado escritor norte-americano James Baldwin (1924-1987) refaz seu tempo no sul dos Estados Unidos durante o Movimento dos Direitos Civis, refletindo com seu brilhantismo sobre a passagem de mais de duas décadas. Nesta viagem pela estrada da memória, ele se envolve em conversas com amigos, ativistas e colegas escritores, como Amiri Baraka, Oretha Castle Haley e Chinua Achebe, refletindo sobre os eventos passados que desencadearam a luta contra a segregação racial, os ataques à igrejas, a brutalidade policial racista e as injustiças arbitrárias que a população negra teve de suportar. Questionando seu próprio legado, esses luminares olham para o presente e o quão pouco foi realmente alcançado na esteira do movimento, e nós, o público, somos igualmente encorajados a refletir sobre nossa própria época.

Exibido no Festival de Berlim.

 

* “Na Selva Há Muito por Fazer” (“En la Selva Hay Mucho por Hacer”, Uruguai, 1974, 17 min) - Walter Tournier

Um pai tenta fazer sua filhinha entender o motivo de sua prisão como prisioneira política. A selva serve de alegoria para a sociedade e o caçador como seu perigo. Baseado no conto homônimo do escritor uruguaio Mauricio Gatti.

Vencedor do prêmio de melhor animação no Festival de Documentários e Curtas-Metragens de Bilbao.

 

* “Nossa Voz de Terra, Memória e Futuro” (“Nuestra Voz de Tierra, Memoria y Futuro”, Colômbia, 1982, 105 min) - Marta Rodríguez e Jorge Silva

O filme registra a luta da comunidade indígena Coconuco pela preservação de seu território, que com o passar do tempo foi cedendo terreno ao avanço da civilização.

Vencedor dos prêmios de melhor filme, melhor direção, melhor música e melhor fotografia no Festival de Cartagena.

 

* “O Tigre e a Gazela” (Brasil-SP, 1977, 14 min) - Aloysio Raulino

O filme justapõe a pobreza e a dignidade de personagens de nossas ruas e praças a textos de Frantz Fanon (1925-1961), importante escritor negro, militante político da Martinica que participou da libertação da Argélia.

 

* “Quilombo” (Brasil-DF, 1975, 24 min) - Vladimir Carvalho

Filme sobre uma comunidade negra remanescente de um antigo quilombo no município de Luziânia, em Goiás, nos arredores de Brasília. A obra documenta a atividade de uma fazenda, onde seus moradores, dedicados a atividades tradicionais, enfrentam a invasão de corretores de imóveis como um natural processo de urbanização.

 

* “Terra dos Índios” (Brasil-RJ, 1979, 100 min) - Zelito Viana

O filme parte de uma reunião de caciques, realizada em março de 1978, para mostrar os problemas das comunidades indígenas em todo o país. Narrado por Fernanda Montenegro, com entrevista de Darcy Ribeiro e depoimentos de Ângelo Kretã, Mário Juruna e Marçal de Souza Tupã, entre outras lideranças indígenas.