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Promotora enviou recomendação à Prefeitura após constatar fraude em concurso e processo seletivo (Foto: Maurício Glauco/EPTV)

A Prefeitura de Jaboticabal (SP) anulou um concurso público e um processo seletivo para cargos da administração municipal. A decisão, tomada na sexta-feira (25), ocorreu após recomendação do Ministério Público, que depois de uma investigação de 90 dias constatou que houve fraude por parte da empresa realizadora das provas.

 


A Promotoria concluiu que o esquema foi executado pelo grupo suspostamente chefiado pela vereadora de Pradópolis (SP) Marlene Aparecida Galiaso, presa na chamada Operação "Q.I.", que descobriu fraudes em concursos e licitações envolvendo autoridades municipais, servidores e advogados nas regiões de Ribeirão Preto (SP) e São José do Rio Preto (SP).

 

De acordo com a promotora Ethel Cipele, a empresa que realizou o concurso tem como proprietária uma das denunciadas na operação. A suspeita, assim como Marlene, também está presa. "A fraude ocorreu com a alteração de gabaritos e falsificação de provas, de forma a inserir na lista de aprovados os candidatos já pré-determinados", afirma.

Ethel diz que o esquema em Jaboticabal foi arquitetado pela proprietária da empresa, porém com a participação de Marlene, que negociou a venda das vagas por R$ 6 mil para os supostos candidatos. "Temos elementos para demonstrar que quem realizava a intermediação e a negociação da venda de vagas era a Marlene", diz.

Ao todo, 5.231 candidatos participaram do concurso e do processo seletivo, realizados em fevereiro deste ano. A promotora orienta que as pessoas procurem a restituição do valor pago na inscrição para as provas. "As pessoas têm direito a ser restituídas, e elas poderão ser ressarcidas perante a empresa organizadora do concurso", afirma.

Novo processo
Segundo a secretária de Negócios Jurídicos da Prefeitura, Mirela Seno, os candidatos que já haviam sido chamados para os cargos serão exonerados, e a administração municipal vai organizar outro processo seletivo para o preenchimento das vagas.

"Vamos contratar uma nova empresa através de um pregão para realizar novos concursos, tanto concursos quanto processos seletivos. Essas vagas são extremamente necessárias, por isso vamos realizar novas provas", diz.

Sem vagas
Angélica Ferreira é uma das candidatas aprovadas no concurso público que foi anulado. Ela lamenta a perda da vaga de assessora jurídica na administração municipal, mas acredita que a decisão tomada pela Prefeitura foi a mais justa.

"Assim como eu, várias pessoas deixaram de ter umas horas de lazer para se dedicar aos estudos e tentar uma boa colocação nos concursos. Eu fiquei em sexto lugar no cargo de procurador jurídico, mas acredito que a decisão tomada foi a mais acertada. O MP investigou exaustivamente. Para o MP não ter sequer cancelado parcialmente, é que realmente não havia como ter outro tipo de decisão", relata.

Já Lígia Ribeiro, que ficou entre os 70 candidatos com as melhores notas para o cargo de professora, não chegou sequer a assumir a vaga. Ela considera a anulação do concurso da Prefeitura injusta.

"Quando eu passei foi motivo de alegria, porque é um concurso. Eu ia ficar pro resto da vida. Agora, receber essa notícia, para quem está desempregada como eu, é dureza. Não acho isso justo. Por causa de pessoas que dizem ser profissionais e agirem do jeito que agiram, prejudicar a gente que estudou, batalhou para conseguir honestamente, é para humilhar. Eu fiz de tudo, passei por mérito meu. É desumano", lamenta.