Família reclama que atendimento demorou demais e que hospital não tinha soro para combater o veneno. Direção do Hospital e Maternidade São José afirma que abriu sindicância para apurar o caso.

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Menino foi picado no quintal de casa após pegar uma sacola com brinquedos; escorpião foi encontrado embaixo do saco plástico (Foto: Murilo Barbosa / TV TEM )

O clima de revolta marcou o velório e o enterro no domingo (15) do menino de 6 anos que morreu em Barra Bonita após ser picado por um escorpião. Brian Gabriel Alves morreu no sábado (14), cerca de três horas depois do incidente enquanto brincava no quintal de casa.

“Ele pegou uma sacola de brinquedo e logo soltou, entrou correndo em casa já chorando. Ai quando vimos o escorpião estava embaixo da sacola. Nessa hora ele já não conseguia mais andar, estava arrastando a perninha onde foi picado. Só deu tempo de correr com ele para o hospital”, conta a tia de Brian, Ailta Martins Alves.

A família alega que estado do menino pode ter se agravado, já que ele se recuperava de uma cirurgia feita há cerca de 15 dias.

Além disso, o atendimento no hospital teria demorado demais e o local também não tinha o soro para combater o veneno do escorpião.

Por isso, o menino precisou ser transferido para o hospital em Jaú, mas acabou não resistindo e morreu na UTI da Santa Casa da cidade vizinha.

“Hoje era para a gente estar com menino aqui. E por que não estamos? Porque o menino foi para o hospital, foi examinado e ficaram enrolando a gente cerca de 40, 50 minutos para falar que não tinha o soro”, afirma a dona de casa Monaliza Alves, que também é tia da criança.

Procurado pela reportagem da TV TEM, o Hospital Maternidade São José de Barra Bonita, através do administrador José Luiz Minute, que será aberta uma sindicância para apurar o caso, mas nega que houve demora no atendimento.

Sobre a falta do soro, o administrador disse que desde 2013 a Diretoria Regional de Saúde (DRS) definiu que os hospitais da região considerados referência para ter esse soro são os de Jaú e de Dois Córregos.

Já a DRS informou que a definição dos hospitais que recebem o soro é feita pelo Ministério da Saúde. O órgão, por sua vez, disse, em nota, que os soros antiveneno continuam sendo distribuídos conforme análise realizada pela Coordenação-Geral de Doenças Transmissíveis (CGDT).

Para essa distribuição, é considerada a situação epidemiológica dos acidentes por animais peçonhentos em cada Unidade Federada, as ampolas utilizadas, bem como os estoques nacional e estaduais de imunobiológicos disponíveis, além do cronograma de entregas a serem realizadas pelos laboratórios produtores.

A nota informa ainda que, neste ano, foram enviadas 9,7 mil doses de soro antiescorpiônico para todo o país, sendo 800 para o estado de São Paulo. O Ministério da Saúde envia doses de vacinas e soros aos estados, que são responsáveis por fazer a distribuição aos municípios, de acordo com as necessidades locais.

Infestação de escorpiões
No bairro Nova Barra, onde Brian morava, os moradores estão preocupados já que outros casos já tinham sido registrados.

A moradora Geralda Messias encontrou dois escorpiões dentro de casa na semana passada e o filho dela também foi picado, mas foi logo socorrido. “Ele é adulto e foi logo socorrido, então está bem. Mas, e essas crianças, como vamos fazer? É um perigo.”

Em nota, a prefeitura de Barra Bonita informou que realiza campanha de limpeza nos bairros há algumas semanas e que o local do acidente [Jardim Nova Barra] recebeu as equipes de limpeza nesta semana, nos dias 11, 12 e 13.

A nota diz ainda que já está providenciando a compra do veneno para aplicar nessas áreas risco. O processo está em fase de licitação. A nota completa que o cemitério da cidade foi dedetizado há cerca de um mês. (TVTem)