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Carros se envolvem em engavetamento na rodovia Brigadeiro Faria Lima, em Colômbia, após a fumaça de queimada invadir a pista

A um ano do prazo do protocolo agroambiental de São Paulo para o fim das queimadas em plantações de cana mecanizáveis, a região de Ribeirão Preto, mais tradicional produtora, concentra quase um terço dos focos de incêndio no Estado.

 Só neste inverno, período seco e de maior incidência de queimadas, foram 2.325 pontos com fogo na região.

O volume representa 30,7% do total de queimadas no Estado, de 7.572, segundo monitoramento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Para ser captado pelos satélites do Inpe, o trecho em chamas deve ter uma extensão equivalente a pelo menos uma linha de fogo de 30 metros --algo como a distância de três fachadas de casas populares juntas.

O levantamento do Inpe, com base nos focos captados por satélites, inclui não só queima em canavial, mas todo tipo de foco de incêndio, inclusive os florestais.

Mas, apesar de haver vários motivos para um incêndio, a maior parte dos focos captados por satélites na região de Ribeirão vem dos canaviais, segundo Alberto Setzer, coordenador da equipe de monitoramento de queimadas do Inpe.

Das dez cidades líderes em focos de incêndio na lista do instituto, seis são da região, como Morro Agudo (380 km de São Paulo) e Pontal (351 km de São Paulo), municípios com grande produção canavieira.

O número de focos, porém, pode ser ainda maior. É que o monitoramento do Inpe capta apenas trechos com fogo que estão ocorrendo há pelo menos 30 minutos.

"Sabemos que muitas queimadas de cana são rápidas, duram pouco tempo. E quando está nublado, os satélites também não captam nada", afirma o especialista.

REDUÇÃO

Apesar da predominância na região, o volume de queimadas tem se reduzido --de 11.732 no inverno do ano passado, por exemplo, para 7.572 no mesmo período deste ano.

Entre as razões para a queda, diz Setzer, estão a crescente mecanização na lavoura, o que elimina a necessidade de tocar fogo para colher a cana, e o maior volume de chuvas no inverno neste ano.

A Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), principal representante do setor no centro-sul do país, afirma que o número de focos de fogo "não pode ser relacionado com o avanço ou não da mecanização".

Isso porque, segundo a entidade, o uso do fogo na queima da cana, "ao contrário do uso em matas ou outras vegetações, é extremamente rápido e não captado sempre pelo satélite".

A entidade também diz que os dados do Inpe citados pela reportagem não podem ser usados porque não indicam a área total colhida com fogo.

Os pontos de calor, diz a nota, "podem refletir pequenas áreas, sendo que a área total deles pode ser ínfima em relação à área de colheita". (Folha de SP)