O som da buzina do trem tem incomodado os moradores de São Carlos (SP). Eles dizem que o som aumentou de intensidade e quantidade, passando a acontecer várias horas do dia, da noite e madrugada.
“Antes era de duas em duas horas, de uma em uma hora, agora a gente sente que a cada meia hora passa o trem aqui e às vezes em sentido contrário, passa um sentido capital e logo depois um sentido interior”, afirmou o representante comercial Silvio Martins.
O barulho tem atrapalhado as pessoas que estão trabalhando em casa devido a lojas, escritórios e fábricas estarem fechados pelo decreto de quarentena para evitar a disseminação do coronavírus.
“Mudou a intensidade e a repetição dos apitos do trem. Demora muito mais e repete mais vezes. Isso tem incomodado muito, porque estamos em home office e isso tem atrapalhado muito o trabalho da gente. É um momento difícil para todo mundo, com aulas online, vendas online e toda vez que você está falando com alguém tem que interromper”, disse a administradora de empresas, Neusa Martins.
O professor Adilson Marques contou que os apitos começaram a ocorrer no Centro há pouco mais de um ano, depois que um morador de rua foi atropelado. Segundo ele, não há respeito pela lei do silêncio durante a madrugada.
“O que nos gostaríamos é que não tivesse esse buzinaço de madrugada entre as 22h e 7h e que ele acontecesse somente na entrada da cidade não aqui no centro”, disse.
Trem cruza o centro de São Carlos e barulho tem incomodado moradores — Foto: Reprodução EPTV Trem cruza o centro de São Carlos e barulho tem incomodado moradores — Foto: Reprodução EPTV
Investigação do Ministério Público
Em abril do ano passado, medições da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) a pedido da procuradoria da república mostraram que o barulho era superior ao permitido por lei.
O Ministério Público cobrou da concessionária, na época, ações para resolver o problema, principalmente à noite. Entre as medidas estava a instalação de isolamento acústico nos trechos urbanos da ferrovia.
Segundo o MP Federal, a recomendação não foi acatada pela empresa. Como as reclamações aumentaram, foi solicitado um estudo técnico, que foi feito pela Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), mas os resultados ainda estão sendo analisados.
Quem quiser pode fazer denúncias no portal de atendimento do MP.
Em nota, a empresa Rumo, que opera a ferrovia diz que não houve mudança nos padrões do uso da buzina e as operações seguem todas as normas vigentes e ainda que procura causar o menor impacto possível à população.
Segundo a empresa, a buzina é um item essencial para a segurança do trem, dos veículos e das pessoas que estão próximas à linha férrea e os maquinistas são periodicamente treinados para seguir corretamente o procedimento.
A buzina é acionada nas passagens em nível, perto de túneis, pontes, viadutos, passarelas e quando é identificada qualquer situação de risco.
Fonte: G1