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Antônio Carlos tem 40 anos e atualmente pesa 286 quilos (Foto: Fabio Rodrigues/G1)

O ex-vendedor de Araraquara (SP) que aos 40 anos pesa 286 quilos colocará um balão instragástrico no próximo dia 25. O procedimento reduz a capacidade do estômago pela metade e provoca a perda de apetite e a saciedade, auxiliando no emagrecimento. "Nasce uma esperança de que realmente algo vai mudar", disse Antônio Carlos Oliveira da Silva.

 


Ele não pagará nada pelo processo, que inclui prótese, anestesista e internação hospitalar. Tudo foi cedido gratuitamente por um médico que soube do drama do ex-vendedor por meio da internet.Especialista em obesidade e aparelho digestivo, o cirurgião Ronaldo Dias contou ao G1 que conversou com o sócio dele em uma clínica particular e ambos decidiram ajudar.

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Cirurgião Ronaldo Dias vai realizar o procedimento de graça (Foto: Reprodução/EPTV)

 

Antônio terá que pagar apenas a medicação e, para isso, precisa de R$ 800 até a data de realizar o procedimento. Como não consegue trabalhar e tem uma renda comprometida, ele pede ajuda da população para arrecadar o dinheiro. Quem pude ajudar, pode entrar em contato pelo telefone (16) 99773-5455.

Emocionado, ele contou que ficou muito feliz com o presente que recebeu do médico.

"Eu me senti vivo de novo. Há mais de dez anos eu tento conseguir ajuda. Para mim, é uma renovação, voltar a sonhar, a ter uma perspectiva real de vida", disse ele, que terá que usar o balão por um ano até conseguir o peso ideal para a cirurgia de redução de estômago.

Perda de peso
Segundo o médico cirurgião, o balão instragástrico é um equipamento de alto custo que o convênio não cobre. A prótese custa de R$ 4,5 mil, 5 mil.O valor do tratamento no consultório varia de R$ 12 mil a 15 mil e quando o procedimento é realizado no hospital pode custar bem mais.

Antônio terá que usar o balão por um ano. "Se tiver um bom resultado, pode ser que ele perca de 100 kg a 150 kg, Não é fácil , mas vai dar uma qualidade de vida", explicou o médico.

Uma equipe multidisciplinar incluindo um nutricionista deve acompanhar todo o processo. De acordo com o médico, o paciente tem que estar preparado e disposto a passar pelo procedimento.

"Às vezes você vai lá e faz tudo, o paciente não está preparado, aí é perda de tempo, sem contar a frustração. Quando ele se propõe a qualquer tratamento e não consegue ter um bom resultado, acaba ganhando o que perdeu e mais o dobro", disse o cirurgião.

Preconceito
Há 11 anos, Antônio divide o peso do preconceito e outros problemas com a mulher, Viviane Silva. Sem muitas condições financeiras, o casal sobrevive com cerca de R$ 1,2 mil do auxílio doença. Moram no Parque Cecap, em uma pequena casa deixada pela mãe dele, que morreu há um ano após sofrer dois AVCs [acidente vascular cerebral].

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Casal está junto há 11 anos (Foto: Fabio Rodrigues/G1)

Por duas vezes, ele utilizou alguns serviços públicos oferecidos em Araraquara e Ribeirão Preto, mas a falta de recursos financeiros limitou o tratamento. A situação piorou e o ex-vendedor ficou cada vez mais preso a uma rotina diária de dar alguns passos entre o quarto, sala, banheiro e cozinha. Segundo ela, já são sete meses sem pisar na rua. A última vez que foi ao cinema assistiu 'Soldado Universal (1992), com Jean-Claude Van Damme, 25 anos atrás.

"Meu sonho é passear com a minha esposa na praça, ir ao mercado, coisas básicas que muitos homens nem gostam de fazer, para mim sempre foi prazeroso. Acompanhar o crescimento do meu filho de 12 anos, poder brincar com ele, gostaria muito disso, coisas simples", contou ele.

Obesidade e depressão
Antônio contou que nasceu com quase 6 quilos e com 15 anos já estava com 150. Ele manteve o peso até os 29 anos, mas um problema financeiro o fez perder o emprego e muito do que conquistou com o trabalho. Com isso veio a depressão, que o fez engordar 100 quilos em apenas três meses.

O ex-vendedor buscou ajuda do município. Conseguiu perder 10% do peso, mas com a troca de gestão o serviço oferecido na rede foi encerrado. A mulher dele começou a trabalhar e durante um ano Antônio se beneficiou do plano de saúde particular. Durante esse tempo, houve um pequeno avanço no tratamento, que também não vingou.

De volta à rede pública em 2014, o ex-vendedor foi se tratar no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto durante um ano e meio. Como não tinha um transporte adaptado ao seu tamanho, passou a viajar no carro deixado pela mãe, um Fiat Uno ano 96. A esposa aprendeu a dirigir para levá-lo, mas os custos das viagens feitas até três vezes por mês inviabilizaram outros retornos.

 

Do G1