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O Instituto de Criminalística de Araraquara concluiu que o motorista da carreta envolvida na colisão com um ônibus, que deixou 13 mortos no dia 27 de outubro, em Ibitinga, estava na contramão. Segundo o laudo divulgado nesta segunda-feira (3), o caminhão tanque estava na faixa contrária da Rodovia Leônidas Pacheco Ferreira (SP-304), no quilômetro 370, quando o acidente aconteceu. Contudo, ainda não foi identificado o motivo pelo qual o motorista mudou de pista. O laudo, que ficou pronto em apenas uma semana, deve ser enviado para o delegado de Ibitinga Carlos Alberto de Oliveira, que está à frente do caso, que é investigado como homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

Segundo o documento, o caminhão invadiu a pista contrária e o motorista do ônibus tentou desviar para a esquerda, mas não conseguiu e parte do veículo foi destruída na colisão. O ônibus trafegava a 84 km/h, acima do que é permitido no trecho, que é de 60 km/h por conta de obras na pista, conforme indica a foto de uma placa que estava no local. Ainda segundo o laudo, não havia sinalização no asfalto. Já a velocidade do caminhão é desconhecida, porque o tacógrafo foi danificado pelo fogo.

O advogado da Jabotur, Leandro Galicia de Oliveira, informou que um laudo particular também apontou que o caminhoneiro estava na contramão. Ele disse ainda que o levantamento apontou que o ônibus estava a 82 km/h e que a placa com velocidade máxima de 60 km/h se refere ao trecho seguinte da pista.

Sobre a falta de sinalização, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) informou que enquanto não terminar a obra de pavimentação, o local vai continuar sem a pintura no chão, mas ressalta que existem placas verticais com todas as indicações.

O caminhoneiro segue internado na Unidade de Tratamento de Queimados, em Catanduva (SP), e não autorizou a divulgação do boletim médico.

Outra versão
O laudo contradiz a versão apresentada por um caminhoneiro, em entrevista à TV TEM no dia 31 de outubro. Segundo o homem, que não quis se identificar, o motorista do ônibus teria entrado da faixa contrária e causado o choque. A testemunha seguia em um caminhão logo atrás da carreta envolvida no acidente.

“Andamos por alguns metros pareados, eu na adicional e ele na faixa comum, metros antes de começar a descida. Como ele estava um pouco na frente, desceu primeiro do que eu. Quando cheguei na metade da descida não vi em momento algum ele sair da faixa ou fazer gracinha com a carreta. Ele desceu alinhado. Na hora que ele começou a subir ele percebeu alguma coisa na frente dele. Tinha um farol na frente dele. Foi onde ele limpou totalmente na esquerda tentando escapar de alguma coisa. Mas até nesse momento que ele limpou para a esquerda estava alinhado comigo, que estava atrás dele. Não tem hipótese alguma de ele estar na pista contrária. Depois disso eu vi aconteceu a explosão”, contou.

Ele afirma ainda que o ônibus estava em 45 graus parado na pista contrária, a da esquerda, onde seguia o caminhão e não tinha sinal que o veículo tinha sido arrastado. “Consegui chegar no ônibus. Ele estava 45 graus, mas presta bem atenção: na mão da carreta. Não tem sinal dele ter sido arrastado. Ele bateu e cortou, e carreta foi embora”, completa. O caminhoneiro também contou que chegou a conversar com o motorista do ônibus.

“Falei, o tio, o que o senhor aprontou? Ele meio dopado, com a cabeça fora de si por causa da tragédia. Ele desceu, a gravata dele não tinha nada, a roupa não tinha sinal nenhum de sangue. Ele desceu e foi para baixo junto com as meninas que estavam aglomeradas na baixada. Foi onde eu passei do outro lado e vi o resultado da tragédia".

O acidente
Os estudantes da Escola Estadual Dom Gastão Liberal Pinto participavam de uma excursão à cidade de São Paulo (SP). Eles haviam saído da cidade de Borborema (SP) em três ônibus para conhecer pontos turísticos na capital paulista.

No retorno, um dos ônibus foi atingido por uma carreta na SP-304, no trecho entre Ibitinga e Borborema. O impacto arrancou a lateral do ônibus, arremessando os passageiros que se encontravam na fileira atingida. Ao todo, 11 morreram no local e duas pessoas no hospital. Em seguida, a carreta, que transportava óleo vegetal, pegou fogo e ficou totalmente destruída.
Sete estudantes e três professores morreram no local do acidente, além da diretora da Escola Municipal Ana Rosa, que acompanhava dois filhos no passseio. Dois estudantes morreram no hospital. Outras 24 pessoas ficaram feridas e foram levadas para as Santas Casas de Ibitinga e Borborema.

Além dos 13 mortos, 24 pessoas ficaram feridas. Três delas continuam internadas, duas na Santa Casa de Ibitinga e o quadro de saúde delas é estável, e o motorista do caminhão, Leandro Basalea, que está no Hospital Padre Albino em Catanduva e a família não autorizou a divulgação de informações sobre o estado de saúde dele.

EPTV