milho

(Reuters) - A safra gigante de milho que começa a ser colhida no Meio-Oeste dos Estados Unidos deverá sobrecarregar armazéns e ser, em parte, estocada ao ar livre, disseram fontes da indústria, elevando preocupações quanto à qualidade dos grãos em um cenário onde também será mais difícil movimentar os estoques.

A safra recorde de milho deste ano, de 14,4 bilhões de bushels (366 milhões de toneladas), já seria suficiente para encher 60 por cento da capacidade de armazenagem do país, de 24 bilhões de bushels.

No total, com uma safra também recorde de soja e grandes colheitas de outros grãos, incluindo trigo de primavera, haverá cerca de 20 bilhões de bushels de grãos recém-colhidos necessitando armazenagem. O volume soma-se também a 3,5 bilhões de bushels já armazenados, segundo relatório do Departamento de Agricultura (USDA) referente a 1º de setembro.

A Andersons, uma importante operadora logística de grãos de Toledo, Ohio, já está estocando grãos em seus silos no Tennessee e em Estados do Meio-Sul, mesmo antes de a colheita ganhar ritmo no cinturão de grãos mais ao norte do país, disse o diretor executivo Hal Reed.

"Nós ainda acreditamos que as produtividades vão continuar subindo, acima das estimativas oficiais do USDA. A safra de milho é a melhor que eu já vi", afirmou.

O excedente de milho muitas vezes é mantido temporariamente em pilhas de 5 mil toneladas ou mais, cobertas por lonas, aguardando pelo transporte em trens ou barcaças, mas neste ano tem sido difícil contratar frete, uma vez que o petróleo de xisto compete por espaço nas ferrovias.

"Haverá pilhas e mais pilhas. A enxurrada vai começar perto de 20 de outubro", quando a armazenagem nas fazendas em Iowa deverá estar praticamente lotada, disse Charles Hurburgh, um especialista em qualidade de grãos da universidade Iowa State.

O desafio será preservar a qualidade dos grãos que ficarem no chão, mantendo-os a salvo para posterior uso por processadores de alimentos, produtores de ração e etanol e para a exportação.