Os juros médios cobrados pelos bancos nas operações com cheque especial atingiram em março a marca inédita de 300% ao ano – o maior patamar desde o início da série histórica, em julho de 1994, ou seja, em quase 22 anos. Os números foram divulgados nesta quinta-feira (28) pelo Banco Central.

Em relação a fevereiro, os juros cobrados do cheque especial tiveram, em março, aumento de 6,9 pontos percentuais. Nos últimos 12 meses até março, a alta foi de 80,4 pontos percentuais - estavam em 220% ao ano em março de 2015.

Junto com o cartão de crédito rotativo, os juros do cheque especial estão entre os mais altos do mercado. Esses empréstimos, alertam os especialistas, só devem ser utilizados em momentos de emergência e por um prazo curto. A inadimplência do cheque especial somou 15,3% em março.

Cartão de crédito
Se a taxa de juros é alta para o cheque especial, ela pode ser considerada proibitiva para o cartão de crédito rotativo.
Segundo o Banco Central, os juros médios cobrados pelos bancos nestas operações – a modalidade mais cara do mercado – ficaram em 449% ao ano em março, o maior patamar da série histórica, que tem início em março de 2011.

Em relação a fevereiro, o aumento foi de 5,2 pontos percentuais e, nos últimos doze meses, foi de 103,3 pontos percentuais.
A recomendação de economistas é que os clientes bancários paguem toda a sua fatura do cartão no vencimento, não deixando saldo devedor. A inadimplência destas operações, segundo o BC, somou 36,6% em março - uma das mais altas das modalidades de crédito.

Taxas de juros no Brasil
Reportagem publicada pelo jornal norte-americano “The New York Times”, no fim de 2014, informou que os juros praticados em algumas linhas de crédito no Brasil “fariam um agiota americano sentir vergonha”, citando os cartões de crédito.

Estudo da consultoria Economática, divulgado em março deste ano, informa que a mediana da Rentabilidade sobre o Patrimônio (ROE) de todos os bancos brasileiros de capital aberto no ano de 2015 foi de 10,78%, contra 7,92% dos bancos dos Estados Unidos.

Quando se considera apenas os bancos com ativos acima de US$ 100 bilhões (Itau-Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil e Santander), a mediana da rentabilidade sobre o patrimônio dos bancos brasileiros foi maior ainda: de 20,06% em 2015.

Consignado, pessoal e veículos
No caso das operações de crédito pessoal para pessoas físicas (sem contar o consignado), de acordo com o Banco Central, a taxa média cobrada pelos bancos somou 126,4% ao ano em março, contra 122,8% em fevereiro. Nesse caso, houve uma alta de 3,3 pontos percentuais em março e de 21,6 pontos percentuais em doze meses.

Ainda segundo o BC, a taxa média de juros cobrada pelas instituições financeiras nas operações do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) somou 29,9% ao ano em março – o que representa um aumento de 0,4 ponto percentual em relação a fevereiro (29,5% ao ano). Em doze meses, a alta foi de 3,1 pontos percentuais.

Segundo o BC, a taxa média de juros para aquisição de veículos por pessoas físicas, por sua vez, somou 27% ao ano em março, contra 27,6% ao ano em fevereiro. Neste caso, houve uma queda de 0,6 ponto percentual no mês passado e uma alta de 2,3 pontos percentuais em doze meses.

 

Fonte: G1