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O vazamento que poluiu praias nos nove Estados do Nordeste já é o maior episódio, em termos de extensão, de vazamento de óleo vindo de uma mesma origem. Essa é a avaliação de David Zee, professor da Faculdade de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio (Uerj). Até esta segunda-feira (7), pelo menos 132 pontos do litoral do Nordeste foram atingidos pela mancha. E, segundo ele, pode levar de dez a 20 anos para que todo o resídio seja eliminado do oceano.

 "Para cobrir de manchas de óleo do Maranhão até o norte engenheiro ambiental. "Nunca tive notícias de um derrame desses antes no Brasil, só se compara ao que aconteceu em Macondo (Golfo do México)", acrescenta. O governo federal investiga a origem do óleo, avistado em mais de 2 mil quilômetros da costa brasileira, mas informa que análises já indicam que o produto não foi fabricado no Brasil.

Especialista em manejo de ecossistemas costeiros, Zee lamenta o impacto do episódio no ecossistema marinho da região. Além de liberar substâncias tóxicas na água e de impregnar na pele dos animais, o óleo menos denso fica na superfície e bloqueia a radiação solar, impedindo os fitoplânctons de fazer a fotossíntese necessária à manutenção da vida marinha. Sem contar os prejuízos aos mangues, considerados os berçários do oceano.

O professor estima que, pela quantidade de óleo encontrado e pelo nível de contaminação, deva levar pelo menos de 10 a 20 anos para que todo o resíduo de óleo seja eliminado do mar. "Em alguns locais da Bacia de Ilha Grande, aqui em Angra dos Reis (RJ), ainda vemos marcas de óleo em pedras de desastres que aconteceram há cinco, dez anos", lamenta.

"Isso afeta quem usa o mar para navegar, quem usa para se alimentar, afeta o turismo dessas regiões, afeta a economia", afirma Zee. Segundo o presidente Jair Bolsonaro, o vazamento de óleo traz prejuízo ao turismo, mas o governo tem feito ações para remover o poluente. Mais de 100 toneladas de óleo já foram recolhidas das praias nordestinas.

"O mar oferece inúmeros serviços à humanidade mas, para todos receberem seus benefícios, é preciso haver convivência harmônica, por meio da fiscalização, do controle e da ciência", defende o especialista. (Terra)