O WhatsApp começou a enviar nesta quarta-feira (6) uma notificação sobre mudanças em sua política de privacidade. A novidade garante o compartilhamento de dados com o Facebook, dono do app de mensagens, e está relacionada com novas funções como o carrinho de compras em conversas com lojas, anunciado em dezembro passado.

A alteração é obrigatória e os usuários não possuem opção de não compartilhar seus dados pessoais.

"Ao tocar em aceito, você concorda com os novos termos e com a política de privacidade, que entram em vigor em 8 de fevereiro de 2021", diz a notificação.

"Depois dessa data, você precisará aceitar as atualizações para continuar usando o WhatsApp. Você também pode visitar a Central de Ajuda se preferir apagar a sua conta e desejar obter mais informações", continua o aplicativo.

A última vez que o app fez uma grande mudança de política de privacidade foi em 2016, mas as pessoas podiam negar o compartilhamento de dados com o Facebook.

O que vai ser compartilhado?

Os termos que passam a vigorar em 8 de fevereiro possui seções que permitem que empresas ligadas ao Facebook armazenem, gerenciem e processem dados do WhatsApp. O aplicativo de mensagens usa criptografia ponta-a-ponta, o que significa que somente o remetente e destinatário podem visualizar o conteúdo.

Entre os dados que o WhatsApp poderá compartilhar com outras empresas do Facebook estão:

    informações de registro, como o número de telefone;
    endereço de IP;
    informações sobre o dispositivo utilizado;
    dados de transações e pagamentos;
    informações sobre como você interage com outros (incluindo negócios).

As empresas do Facebook que ganharão acesso aos dados dos usuários do WhatsApp incluem Facebook Payments, Onavo, Facebook Technologies e CrowdTangle.

Integração com outros produtos

Segundo a companhia, as informações podem ser usadas para:

    ajudar a melhorar sistemas de entrega e de infraestrutura;
    entender como os serviços são usados;
    promover segurança e integridade em todos os produtos;
    melhoras serviços e experiências com sugestões para os usuários (como a recomendação de conteúdos ou amigos);
    integração para conectar o WhatsApp com outros produtos do Facebook.

O último item cita integração com o Facebook Pay, que deve servir como base para o sistema de pagamentos do WhatsApp, que chegou a ser testado no Brasil no ano passado, mas foi barrado pelo Banco Central e pelo Cade.

Em dezembro passado, o WhatsApp anunciou uma função de carrinho de compras em conversas com lojas. O recurso ajuda a organizar pedidos e, pelo menos por enquanto, não inclui uma solução de pagamentos integrada – que está nos planos da empresa..

Além disso, há menção para "habilitar conversas com seus amigos em outros produtos do Facebook". Em 2019, o presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, confirmou planos de integrar o WhatsApp com o Messenger e Instagram Direct, ambos aplicativos de conversa que pertencem à empresa dele.

Em setembro passado, a companhia juntou mensagens do Instagram e Messenger, permitindo que usuários do Messenger começassem conversas e chamadas de vídeo com pessoas que estão no Instagram e vice-versa. A opção ainda está em fase de testes.

Autoridades de olho

O Facebook foi alvo de acusações de monopólio nos Estados Unidos em dezembro passado, após a Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês) dos EUA e 48 autoridades estaduais apontaram que a companhia mantém seu domínio nas redes sociais por meio de uma conduta anticompetitiva.

São citadas como partes dessa estratégia as compras dos então rivais em ascensão Instagram e WhatsApp pela companhia – em negócios bilionários fechados em 2012 e 2014, respectivamente. A comissão considera a possibilidade de que isso tenha de ser desfeito.

A integração desses aplicativos vai na contramão de soluções apresentadas pelas autoridades americanas, que incluem a venda desses ativos ou a divisão deles.

G1