Vela foi acessa para cada um dos 13 mortos no acidente em Ibitinga (SP). MPT irá apura se motoristas de tragédia tinham jornada excessiva.


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Os moradores de Borborema lotaram o santuário Nossa Senhora Aparecida nesta quarta-feira (5) para homenagear dois dos 13 mortos no acidente entre um ônibus de estudantes e professores e um caminhão, no dia 27 de outubro, em Ibitinga. A missa é realizada em homenagem à estudante Tainá Brenda Ferreira, de 16 anos, que era acolitá (coroinha especial) da igreja.

Além da estudante, a missa de sétimo dia também é em homenagem ao jovem Leonardo Lucas dos Santos, de 17 anos, vítima que estava internada e morreu no hospital. A fotógrafa Larissa Souza Bottacini, de 24 anos, frequentava a Congregação Cristã do Brasil e a doutrina não permite a realização de nenhum tipo de homenagem.

Durante a celebração, o padre rezou um sermão e uma vela foi acessa para cada uma das 13 vítimas. No Dia de Finados, no último domingo (2), a tradicional missa que é realizada todos os anos nessa data teve orações especiais às vítimas do acidente que envolveu um ônibus, que voltava de uma excursão dos estudantes e professores da escola Estadual Dom Gastão, e uma carreta carregada com óleo vegetal na Rodovia Leônidas Pacheco Ferreira (SP-304) em Ibitinga.

Carreta na contramão
O delegado Carlos Alberto informou que outras duas testemunhas no dia do acidente já foram ouvidas. Ele afirmou que não tem dúvidas de que o motorista da carreta trafegava na contramão no momento do acidente, como apontou o laudo divulgado pelo Instituto de Criminalística de Araraquara na segunda-feira (3).

De acordo com o documento, Leandro estaria na contramão no momento da batida e que o motorista do ônibus ainda teria tentado desviar da carreta, mas não conseguiu evitar a colisão e veículo teve toda a lateral arrancada no impacto. Ainda segundo o laudo, o ônibus estava acima da velocidade indicada nas placas do trecho, que está em obras. Segundo a sinalização, a velocidade máxima no local é de 60 km/h e o ônibus estava a 84 km/h, como apontou a análise do tacógrafo do veículo.
“Já ouvi duas testemunhas do acidente que confirmaram que o motorista do caminhão estava em alta velocidade e teria invadido a pista contrária, onde o ônibus trafegava”, ressalta Carlos Alberto. O inquérito foi aberto como homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

O delegado informou ainda que deve ouvir nos próximos dias os sobreviventes do acidente. “Ainda vamos esperar um pouco, porque eles são adolescentes e devo ir pessoalmente a Borborema para ouvi-los.” Ainda de acordo com informações do delegado, o motorista do ônibus deve ser ouvido pelo delegado de Jaboticabal (SP) por carta precatória, que já foi enviada.

Jabotur e DER
O advogado da Jabotur, Leandro Galicia de Oliveira, informou que um laudo particular também apontou que o caminhoneiro estava na contramão. Ele disse ainda que o levantamento apontou que o ônibus estava a 82 km/h e que a placa com velocidade máxima de 60 km/h se refere ao trecho seguinte da pista.

Sobre a falta de sinalização, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) informou que enquanto não terminar a obra de pavimentação, o local vai continuar sem a pintura no chão, mas ressalta que existem placas verticais com todas as indicações.

Outra versão
O laudo contradiz a versão apresentada por um caminhoneiro, em entrevista à TV TEM no dia 31 de outubro.  Segundo o homem, que não quis se identificar, o motorista do ônibus teria entrado da faixa contrária e causado o choque. A testemunha seguia em um caminhão logo atrás da carreta envolvida no acidente.

“Andamos por alguns metros pareados, eu na adicional e ele na faixa comum, metros antes de começar a descida. Como ele estava um pouco na frente, desceu primeiro do que eu. Quando cheguei na metade da descida não vi em momento algum ele sair da faixa ou fazer gracinha com a carreta. Ele desceu alinhado. Na hora que ele começou a subir ele percebeu alguma coisa na frente dele. Tinha um farol na frente dele. Foi onde ele limpou totalmente na esquerda tentando escapar de alguma coisa. Mas até nesse momento que ele limpou para a esquerda estava alinhado comigo, que estava atrás dele. Não tem hipótese alguma de ele estar na pista contrária. Depois disso eu vi aconteceu a explosão”, contou.

Ele afirma ainda que o ônibus estava em 45 graus parado na pista contrária, a da esquerda, onde seguia o caminhão e não tinha sinal que o veículo tinha sido arrastado. “Consegui chegar no ônibus. Ele estava 45 graus, mas presta bem atenção: na mão da carreta. Não tem sinal dele ter sido arrastado. Ele bateu e cortou, e carreta foi embora”, completa. O caminhoneiro também contou que chegou a conversar com o motorista do ônibus.

“Falei, o tio, o que o senhor aprontou? Ele meio dopado, com a cabeça fora de si por causa da tragédia. Ele desceu, a gravata dele não tinha nada, a roupa não tinha sinal nenhum de sangue. Ele desceu e foi para baixo junto com as meninas que estavam aglomeradas na baixada. Foi onde eu passei do outro lado e vi o resultado da tragédia".

O acidente
Os estudantes da Escola Estadual Dom Gastão Liberal Pinto participavam de uma excursão à cidade de São Paulo (SP). Eles haviam saído da cidade de Borborema em três ônibus para conhecer pontos turísticos na capital paulista.

No retorno, um dos ônibus foi atingido por uma carreta na SP-304, no trecho entre Ibitinga e Borborema. O impacto arrancou a lateral do ônibus, arremessando os passageiros que se encontravam na fileira atingida. Ao todo, 11 morreram no local e duas pessoas no hospital. Em seguida, a carreta, que transportava óleo vegetal, pegou fogo e ficou totalmente destruída.

Sete estudantes e três professores morreram no local do acidente, além da diretora da Escola Municipal Ana Rosa, que acompanhava dois filhos no passseio. Dois estudantes morreram no hospital. Outras 22 pessoas ficaram feridas e foram levadas para as Santas Casas de Ibitinga e Borborema.

Além dos 13 mortos, 22 pessoas ficaram feridas.  A estudante Letícia da Silva Pinto recebeu alta nesta quarta-feira. Ela estava internada na Santa Casa de Ibitinga. O motorista do caminhão, Leandro Basalea, continua internado no Hospital Padre Albino em Catanduva, mas a família não autorizou a divulgação de informações sobre o estado de saúde dele.

Volta às aulas
Os estudantes da Escola Estadual Dom Gastão Liberal Pinto, em Borborema (SP),voltaram às aulas nesta segunda-feira (3), após quatro dias de luto pela tragédia abalou a cidade, que tem cerca de 15 mil habitantes. O acidente tirou a vida de oito estudantes e três professoras da unidade de ensino, além de uma diretora de outro colégio e de uma fotógrafa que acompanhava a excursão do grupo a São Paulo.

A Diretoria Regional de Ensino mobilizou uma equipe de 24 profissionais – entre psicólogos e assistentes sociais – para prestar auxílio a alunos e professores. Segundo ela, os profissionais permanecerão na escola durante toda a semana. (TV TEM)