A limpeza seria umas das principais razões para o sono e pode estar ligada à causa de doenças como o mal Alzheimer e Parkinson.

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O sistema glymphatic funciona dez vezes mais durante o sono, hora da 'limpeza' (Foto: SPL/BBC)

Um estudo americano mostrou que o cérebro faz uma espécie de 'faxina' das toxinas deixadas para trás após um dia de 'trabalho pesado', quando se pensa bastante. A 'limpeza' seria uma das principais razões para o sono, segundo os pesquisadores.

 

O estudo liderado pela pesquisadora Maiken Nedergaard e publicado na revista 'Science' mostrou que as células do cérebro, provavelmente as neuróglias, encolhem, abrindo espaço entre os neurônios, permitindo que um fluído 'lave' o cérebro.

A pesquisa do Centro Médico da Universidade de Rochester, no Estado de Nova York, sugere ainda que distúrbios cerebrais podem estar relacionados à 'falhas' nesse tipo de 'limpeza'.

Já se sabe que o sono desempenha um papel importante na fixação da memória e no aprenzidado. Os pequisadores da universidade americana agora acreditam que a 'faxina cerebral' é uma das principais razões do sono.

'O cérebro tem energia limitada e precisa escolher entre dois estados funcionais - ou está acordado e atento, ou dormindo e fazendo a faxina', disse Nedergaard. 'É como uma festa em casa. Ou você recebe os convidados, ou limpa a casa. Não dá para fazer os dois ao mesmo tempo', disse.

Bombeamento
O estudo descobriu a 'faxina' a partir de uma descoberta anterior, feita no ano passado - a de que existe uma rede de dutos que retira a 'sujeira' do cérebro, nomeada pelos cientistas como 'sistema glymphatic' (ainda não há tradução do termo em português).

Os pesquisadores observaram o sistema glymphatic de ratos e viram que ele era dez vezes mais ativo durante o sono. Células do cérebro, provavelmente as neuróglias, encolhem durante o sono, aumentando o espaço entre o tecido cerebral, permitindo o bombeamento de mais fluído e a limpeza das toxinas.

Para a professora Nedergaard, esta é uma função 'vital' para se manter vivo, mas aparentemente só ocorre durante o sono. 'O que vou dizer é puramente especulação, mas parece que o cérebro perde muita energia bombeando água nele mesmo, função que é provavelmente incompatível com o processamento de informação', disse.

A professora disse que a dimensão da descoberta só poderá ser medida após testes com humanos. A BBC ouviu um cientista independente para comentar a descoberta. Neil Stanley disse que 'já há dados importantes sobre as razões psicológicas para dormir, como memória e aprendizado'. 'Mas esta (faxina) é uma razão química e física de verdade, algo importante', disse.

Doenças que levam à perda de células cerebrais, com as doenças de Parkinson e Alzheimer, surgem com a disseminação de proteínas danificadas no cérebro. Os pesquisadores sugerem que problemas no mecanismo de limpeza do cérebro podem estar relacionados a estas doenças, mas alertam que ainda é necessário mais pesquisa. (BBC)