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Membro da Associação Alemã de Conservação da Natureza (Nabu) segura um morcego-de-orelhas-de-rato encontrado em porão de cervejaria (Foto: AFP)

Somente após a extinção dos dinossauros, há cerca de 65 milhões de anos, é que surgiram os primeiros mamíferos de hábitos diurnos, aponta um estudo publicado nesta segunda-feira (06) na revista científica "Nature Ecology & Evolution".

"Nós nos baseamos no tempo ativo de mamíferos vivos para reconstruir as fases ativas dos protomamíferos", afirma Roi Maor, ecologista da Universidade de Tel Aviv e coautor do estudo, feito em parceria com a University College London.

"Os primeiros mamíferos começaram a ter hábitos diurnos exatamente após o desaparecimento dos dinossauros", prosseguiu.

Antes disso, os mamíferos preferiam viver escondidos durante o dia por medo de se tornarem presas fáceis para os dinossauros, apontam os pesquisadores.

Os pesquisadores classificaram membros de 2.415 espécies vivas entre diurnos, noturnos ou ambos. Foram utilizados dados de elefantes, cangurus e até morcegos, sendo que esses últimos são notívagos ainda hoje. "Tentamos cobrir toda a diversidade de mamíferos", disse Maor.

Com a ajuda de duas árvores genealógicas, os pesquisadores tentaram determinar como os diferentes antepassados se comportavam – se eram ativos durante o dia ou a noite ou ambos.

Viagem de 150 milhões de anos
"Voltamos mais de 150 milhões de anos para trás", disse Maor. "Observamos um padrão muito claro: o de que todos os mamíferos que viveram durante a era dos dinossauros eram noturnos."

Naquela época, teriam vivido sobretudo animais do tamanho de ratos, que comiam insetos e tinham hábitos noturnos. Acredita-se, no entanto, que também havia espécies do tamanho de cães.

Um dos primeiros animais a se tornar diurno foi, segundo Maor, o antepassado do macaco. Já os antepassados dos chamados ungulados (mamíferos de casco), como a vaca ou o camelo, seriam ativos durante o dia e a noite.

Até agora, os cientistas tentavam tirar conclusões sobre hábitos noturnos ou diurnos das espécies a partir das características físicas dos fósseis.

Porém, isso é possível sobretudo em tecidos moles, como na retina, por exemplo, algo que geralmente não é preservado em fósseis. É sabido que os macacos de hoje veem cores que são úteis principalmente durante o dia.

Irina Ruf, chefe da seção de mamíferos do Instituto de Pesquisas Senckenberg, em Frankfurt, elogiou o novo método científico. "Os autores tentaram confirmar a hipótese com um método completamente novo", disse. "Trata-se de uma boa publicação que confirma de forma muito plausível o que se supunha."

Ela criticou, no entanto, o fato de os cientistas terem ignorado a hipótese alternativa baseada em achados fósseis. "Estes modelos se baseiam apenas em espécies de mamíferos vivos nos dias de hoje; nenhum fóssil foi levado em consideração", disse Ruf.

Achados fósseis sugerem que os grandes grupos de mamíferos vivos atualmente não têm antepassados mamíferos com mais de 65 milhões de anos. Além disso, segundo tal hipótese, os mamíferos teriam evoluído de maneira incrivelmente rápida, e 65 milhões de anos de evolução seriam curtos demais para a diversidade de mamíferos, aponta Maor. "Eu acho que isso é extremamente improvável."

Apesar de comemorarem os primeiros resultados, os pesquisadores observam que o estudo ainda necessita de árvores genealógicas mais precisas. "É muito difícil provar a teoria, mas nossos resultados a reforçam", disse Maor.

 

Do G1