A vacinação em massa contra a Covid-19 que será realizada em Botucatu (SP) tem o objetivo de avaliar o impacto da imunização com as doses da vacina Oxford/Astrazeneca, distribuída no Brasil pela Fiocruz, na rotina de vida dos moradores, incluído a eficácia contra novas cepas do vírus.

O infectologista e professor da Unesp de Botucatu, Carlos Magno Fortaleza, que coordenará esse estudo do Ministério da Saúde na cidade explica que a pesquisa difere dos ensaios clínicos que foram realizados antes do uso da vacina exatamente por avaliar como a imunização age na “vida real”.

“O que nós esperamos com a pesquisa é ter uma evidência concreta de que a vacina funciona. O objetivo é avaliar o impacto na vida real. Os resultados dos estudos prévios da vacina são excelentes, mas eles são ensaios clínicos, que sã feitos em alguns milhares de indivíduos em situações ideais. A gente precisa saber também o que a vacina impacta em saúde pública na vida real. Esse é o grande objetivo do estudo.”

O professor também explicou as características da cidade com cerca de 150 mil habitantes que levaram a ser escolhida para a pesquisa.

“Botucatu tem a característica de ser uma cidade pequena sendo possível vacinar rapidamente o número de pessoas requerido em um estudo como esse. E nós temos uma estrutura laboratorial muito robusta, porque temos a Universidade Estadual Paulista, a Unesp. A combinação das duas coisas e, principalmente, uma cobertura vacinal também robusta é que faz com que a cidade seja ideal para esse estudo.”

Ainda segundo Fortaleza, a expectativa é que a vacinação comece já no início de maio e que toda a população adulta a partir de 18 anos, cerca de 106 mil pessoas, seja vacinada em duas semanas. O estudo terá duração estimada de oito meses, incluindo a aplicação das duas doses e o acompanhamento da população que recebeu essas vacinas.

“A vacinação será feita conforme as normas vigentes do plano nacional de imunização, com intervalo de 90 dias entre as doses, mas é importante dizer que a vacina já confere alguma proteção três semanas após a primeira dose. E por essa razão iremos acompanhar os casos que ocorrerem após a primeira dose e também com a imunização completa”, explica o professor.

Estudo inédito

A pesquisa foi aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e, segundo o Ministério da Saúde, estará apta para começar em breve.

Pelo projeto de vacinação em massa, todos adultos serão vacinados, e os casos positivos na região sequenciados. Com isso, segundo o Ministério da Saúde, será possível saber a efetividade da vacina produzida pela Fiocruz contra todas as cepas que circulam na cidade.

“A expectativa é que dentro de duas semanas a gente consiga vacinar toda a população de 18 até 63 anos, que é a idade que ainda não recebeu a vacina, já que estamos vacinando nesse momento os idosos a partir de 64 anos”, afirma o secretário de Saúde de Botucatu, André Spadaro.

Além do Ministério da Saúde, a pesquisa conta com uma série de parceiros, como a Universidade de Oxford, o laboratório AstraZeneca, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Fundação Gates, a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a Prefeitura de Botucatu.

Além da efetividade contra as variantes, o Ministério da Saúde informou que a pesquisa vai servir de subsídio para comparar o quão eficiente foi a vacinação em massa em relação aos outros municípios da região.

As doses da vacina AstraZeneca/Oxford serão doadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) ao estudo.

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